Golpe do bilhete premiado usava criptomoedas para lavar dinheiro

“Lavagem Digital” investiga crimes financeiros e movimentação de criptomoedas.
A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou, na quarta-feira (12), a operação “Lavagem Digital”, visando desmantelar um esquema criminoso que aplicava o golpe do bilhete premiado, utilizando criptomoedas para ocultar e lavar grandes quantias de dinheiro. Durante a operação, as autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão em diversas cidades do Paraná, incluindo Rolândia e Londrina, além de realizar a prisão temporária de um dos envolvidos, que responderá por estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A investigação teve início em julho de 2024, após uma idosa de 81 anos, moradora de Florianópolis, cair no golpe e perder cerca de R$ 1 milhão. O valor foi movimentado de maneira complexa: R$ 550 mil foram transferidos por meio de banco, enquanto o restante foi entregue em joias. Para dificultar o rastreamento, os criminosos utilizaram contas bancárias de laranjas, convertendo o dinheiro em criptomoedas, que foram então enviadas para uma corretora na China.
A Polícia Civil constatou que o grupo movimentou, entre 2023 e 2024, aproximadamente R$ 55 milhões através de corretoras de criptomoedas. Os recursos circulavam por meio de empresas fantasmas e estavam diretamente ligados a atividades criminosas de grande escala, incluindo tráfico internacional de drogas e mineração ilegal de ouro, além de operações em áreas de fronteira e portos.
Além disso, os investigadores descobriram que os criminosos utilizavam cadastros falsos para abrir contas em plataformas de criptomoedas, dificultando ainda mais a identificação dos responsáveis e o rastreamento do dinheiro.
A prática de usar ativos digitais para ocultar a origem dos recursos ilícitos é uma tática comum entre organizações criminosas, que buscam lavar grandes somas e disfarçar seus fluxos financeiros.
Durante a operação, foram apreendidos 22 celulares, 8 computadores, 14 HDs, uma carteira física de criptomoedas (cold wallet), e diversos outros dispositivos eletrônicos, que podem fornecer provas adicionais sobre o esquema.
Além das apreensões, a Justiça determinou o bloqueio de até R$ 1 milhão nas contas dos suspeitos e das empresas envolvidas, bem como a indisponibilidade de imóveis e quatro veículos de luxo, incluindo um Mini Cooper S, uma BMW S 1000 R, um Audi A3 LM e um Jeep Compass Limited.
Um dos envolvidos segue foragido e já estava sendo investigado na operação “Emergentes”, que foi realizada no dia anterior (11) pela Polícia Federal, focada no combate ao tráfico internacional de drogas. As autoridades acreditam que o grupo faça parte de uma rede criminosa maior, que utiliza golpes financeiros para arrecadar dinheiro, que posteriormente é direcionado para financiar outras atividades ilícitas.
Os suspeitos enfrentam graves acusações de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações continuam em andamento, com o objetivo de identificar outros membros da rede e recuperar os valores desviados. A operação contou com o apoio da Polícia Civil do Paraná, com o auxílio das unidades de Londrina e Rolândia.