Crescimento do consumo em supermercados surpreende em julho

Vendas para lares brasileiros avançam 4% na comparação anual, impulsionadas pela melhora da renda, queda do desemprego e estabilidade do Bolsa Família.
O consumo nos lares brasileiros apresentou recuperação em julho, com as vendas em supermercados registrando crescimento de 4% na comparação com o mesmo mês de 2024. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (21) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), refletem uma retomada consistente do consumo doméstico.
Em relação a junho, o aumento foi de 2,4%, enquanto o acumulado do ano até julho mostra alta de 2,6%, indicando uma tendência positiva ao longo de 2025. Os números já foram ajustados pela inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.
Segundo Márcio Milan, vice-presidente da Abras, o crescimento anual de 4% é impulsionado principalmente pela recuperação da renda e pela melhora do mercado de trabalho. “Julho costuma registrar retração no consumo devido às férias escolares, quando muitas famílias gastam fora de casa. Este ano, esse efeito foi menos intenso, tanto em relação a junho quanto ao mesmo período de 2024”, explicou.
A evolução do mercado de trabalho também contribui para esse cenário. A taxa de desemprego caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho — o menor índice desde 2012 —, frente a 6,9% registrado no mesmo período de 2024, reforçando a maior capacidade de consumo das famílias.
Bolsa Família
O levantamento da Abras mostra que a redução no número de beneficiários do Bolsa Família em julho, decorrente da elevação da renda familiar e da queda do desemprego, não prejudicou o consumo. Cerca de 1 milhão de pessoas deixaram de receber o benefício no mês, com R$ 13,16 bilhões destinados a 19,6 milhões de beneficiários, ante R$ 14,2 bilhões pagos a 20,83 milhões em julho de 2024.
Márcio Milan destacou que a redução dos recursos do programa indica que as famílias que agora dependem exclusivamente da renda do trabalho conseguiram manter autonomia financeira e ainda fortaleceram o poder de compra, principalmente no varejo de alimentos.
Preços
A cesta básica de 12 produtos monitorada pela Abras registrou recuo de 0,44% em julho em comparação a junho, com o preço médio nacional caindo de R$ 353,42 para R$ 351,88. Entre os produtos que apresentaram queda mais expressiva estão arroz (2,89%), feijão (2,29%), café torrado e moído (1,01%), queijo muçarela (0,91%), macarrão de sêmola tipo espaguete (0,59%) e farinha de trigo (0,37%).
Outros quatro itens tiveram redução mais discreta: carne bovina (0,06%), farinha de mandioca (0,01%), margarina cremosa (0,06%) e leite longa vida (0,11%). Por outro lado, os únicos produtos que registraram aumento foram açúcar refinado (0,63%) e óleo de soja (0,46%).