Brasil lança sistema digital global para o clima

A iniciativa do Brasil pode transformar a forma como políticas climáticas são monitoradas e os recursos ambientais rastreados em todo o mundo.
O Brasil apresentou uma iniciativa inovadora que promete transformar a forma como o mundo monitora e gerencia ações contra as mudanças climáticas. Trata-se da criação de uma Infraestrutura Digital Pública Global para o Clima (Climate DPI), proposta que busca aumentar a transparência e fortalecer a cooperação internacional no enfrentamento das crises ambientais.
Elaborada a pedido da Presidência da COP30, a solução prevê a implementação de um conjunto de ferramentas digitais abertas, integrando blockchain e contratos inteligentes para acompanhar políticas climáticas em tempo real. O objetivo é criar uma rede capaz de monitorar compromissos globais, conectar dados e coordenar esforços de forma mais ágil e eficiente.
O desenvolvimento do projeto foi liderado pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), em parceria com o pesquisador Ronaldo Lemos, no âmbito do Conselho Consultivo de Alto Nível em Tecnologia da Presidência da COP30. Segundo os especialistas, a iniciativa nasce da constatação de que a transição verde ainda carece de uma base digital unificada que conecte países e ações climáticas de maneira integrada.
A proposta foi divulgada oficialmente na quarta-feira (5), véspera do início da COP30, que acontece nos dias 6 e 7 de novembro de 2025. A publicação foi feita pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Governo Federal, durante a gestão de Lula. O lançamento tem o objetivo de posicionar o Brasil como protagonista no desenvolvimento de soluções digitais para sustentabilidade global.
Os idealizadores do Climate DPI descrevem o sistema como um “sistema operacional global da ação climática”, capaz de interligar dados, finanças e inteligência digital em escala planetária. O relatório aponta que essa infraestrutura funcionará como a espinha dorsal tecnológica da transição verde no século XXI, comparando seu papel ao das redes elétricas que impulsionaram o desenvolvimento econômico no século passado.
O documento também recomenda que a COP30 oficialize o Climate DPI como um legado brasileiro, criando uma base de infraestrutura digital pública global voltada à ação climática. A meta é garantir que os compromissos assumidos pelos países sejam monitorados continuamente e convertidos em resultados concretos e mensuráveis, alinhados ao Acordo de Paris.
Um dos pilares da proposta são as finanças climáticas digitais, que utilizam blockchain e contratos inteligentes para assegurar a transparência e a rastreabilidade de recursos destinados a políticas ambientais. A tecnologia permite acompanhar cada investimento e verificar seu impacto em ações climáticas de forma segura e confiável.
O relatório também destaca os sistemas de alerta e resposta rápida, integrando sensores, inteligência artificial e ciência cidadã para prevenir desastres naturais. Esses mecanismos são complementares às finanças digitais, garantindo que os dados coletados possam ser rapidamente convertidos em ações concretas, fortalecendo a resiliência de comunidades e governos diante de emergências ambientais.
Segundo a Secom, a integração dessas tecnologias torna o Climate DPI uma plataforma única, capaz de conectar informações de diferentes países, projetos e instituições, promovendo maior eficiência e visibilidade na execução de políticas climáticas globais.