IPCA desacelera em outubro com queda na gasolina
Desaceleração do IPCA em outubro impacta nas passagens aéreas e alívio em habitação e transportes.
Em outubro, observamos uma leve desaceleração na alta do IPCA, surpreendendo ao ficar abaixo das expectativas. Essa tendência foi impulsionada pela redução nos preços da gasolina, que compensou o impacto das passagens aéreas. Além disso, a taxa em 12 meses também registrou uma perda de força, fortalecendo a dinâmica recente de uma inflação controlada no país.
Este cenário destaca a importância de monitorar cuidadosamente os fatores que influenciam os índices de inflação, proporcionando insights valiosos para compreender a estabilidade econômica.
Nesta sexta-feira (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou um resultado abaixo das expectativas. Contrariando a previsão de avanço de 0,29% na pesquisa da Reuters, o índice revelou um desempenho mais fraco.
Isso refletiu diretamente no acumulado do IPCA nos últimos 12 meses até outubro, que registrou uma alta de 4,82%. Essa variação contrasta com os 5,19% do mês anterior e fica abaixo da expectativa de 4,87%.
Dessa forma, o índice indica uma trajetória que se aproxima do teto da meta estabelecida para o ano de 2023, com o centro fixado em 3,25% e uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Os analistas observam a inflação de maneira geral como controlada, embora elevada. No entanto, eles alertam para o comportamento dos preços de serviços, especialmente diante de um mercado de trabalho aquecido, e consideram o cenário internacional como um fator relevante.
Conforme destacado pelo IBGE, o principal impacto individual no resultado de outubro provém dos preços das passagens aéreas, registrando um aumento de 23,70% em comparação com o mês anterior, após um avanço de 13,47% em setembro.
Essa elevação nos preços das passagens aéreas exerceu pressão sobre a inflação de serviços, um indicador monitorado de perto pelo Banco Central. Apesar dos maiores impactos nos números recentes de inflação virem dos itens monitorados, a taxa de inflação de serviços atingiu 0,59% em outubro, em comparação com 0,50% em setembro. No acumulado em 12 meses, o avanço é de 5,45%.
Confira o que disse o gerente responsável:
“É o segundo mês seguido de alta das passagens aéreas. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano”, disse André Almeida.
Contudo, o avanço nos preços do grupo Transportes perdeu força, marcando 0,35% em outubro, em comparação com 1,40% em setembro. Essa desaceleração se deve, em grande parte, à deflação de 1,39% nos combustíveis no mês, destacando quedas significativas na gasolina (-1,53%), gás veicular (-1,23%) e etanol (-0,96%).
“A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes”, completou André.
Por outro lado, o grupo Alimentação e Bebidas, com considerável impacto no orçamento do consumidor, interrompeu quatro meses consecutivos de deflação e registrou um aumento de 0,31% em outubro.
Os custos relacionados à alimentação no domicílio apresentaram um aumento de 0,27%, destacando-se o incremento nos preços da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e carnes (0,53%).
O índice de difusão do IPCA, que indica a disseminação das variações de preços, aumentou para 53% em outubro, em comparação com os 43% registrados em setembro. Esse aumento sugere uma ampliação na abrangência das variações de preços, indicando uma dinâmica mais ampla na inflação.
Nos primeiros dias de outubro, Banco Central surpreendeu ao anunciar o terceiro corte consecutivo de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros Selic, fixando-a em 12,25% ao ano.
A decisão foi acompanhada da assertiva de que a diretoria prevê reduções equivalentes nas próximas reuniões, mesmo em meio a um contexto internacional adverso.
Segundo a mais recente pesquisa Focus do Banco Central, o mercado projeta que o IPCA encerre o ano com um aumento acumulado de 4,63%, seguido por uma expectativa de 3,91% em 2024.