Vazamentos de Moro: Possíveis desdobramentos políticos e econômicos
Mesmo sem a divulgação total dos vazamentos de Moro, possíveis desdobramentos políticos e econômicos já são esperados
O site The Intercept, no último domingo (09), divulgou mensagens entre procuradores da operação Lava-Jato e ao então juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça. Ainda na semana passada, os vazamentos de Moro já eram esperados, o mesmo teria relatado uma possível invasão ilegal ao seu telefone celular.
Segundo o próprio site, as conversas vão desde um teor de orientação até um de indignação em relação a casos da Lava-Jato. Moro teria aconselhado uma antecipação da decisão relacionada ao Dallagnol e fornecido pistas a respeito da Lava-Jato. Além disso, em grupo de conversas foi demonstrada extrema reprovação com a entrevista de Lula à Folha de S. Paulo.
Nas mensagens com relação ao Dallagnol, foram apresentadas dúvidas em relação a veracidade da denúncia contra Lula no caso triplex. O procurador teria enviado ao então juiz: “Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… Então, é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre Petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da história do apto… são pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua.”
Porém, de onde veio este conteúdo? Segundo o site The Intercept, o material foi fornecido por uma fonte anônima. O site informou que existem ainda mais matérias e que novas notícias ainda serão publicadas. Ainda segundo o site, foi dito não ter comunicado anteriormente os envolvidos, com medo de alguma represália, até porque as mensagens já dizem por si só.
Efeitos do vazamento no atual governo e a oposição
O atual governo, em foco o atual presidente Bolsonaro, terá que tomar cuidado com qualquer pronunciamento em relação ao caso e o seu atual ministro da Justiça. Segundo o próprio site, os materiais ainda não foram totalmente divulgados, assim podendo aparecer novos envolvidos. Isso torna qualquer pronunciamento passível de contradição e sensacionalismo.
Em contrapartida, a situação é ótima para o PT, que poderá usar a notícia para impulsionar a campanha “Lula Livre” e a greve geral marcada para dia 14/06. Com toda essa reviravolta, o caso Lula, para a militância do partido, ganha ares de esperança.
No STF, até então “tranqüilo”, poderemos ver divisão entre os que estarão do lado de Moro e os que não estarão. Será mais complicado para Rodrigo Maia continuar tentando a aprovação da reforma, até porque ficaria passível de interpretações de diferentes formas, até como uma forçação de barra.
Esse é, provavelmente, uma das piores situações que poderiam ocorrer com a Lava-Jato. Uma operação longa, que há tempos já não era tão calorosa, terá uma grande missão para voltar ao seu posto de esperança para alguns.
Como o mercado irá reagir com relação aos vazamentos?
Assim como para o governo, a atual semana era pra ser tranqüilo com relação ao mercado. Com o acordo entre EUA e México e a expectativa do corte de juros pela Federal Reserve, tudo se encaminhava bem.
Porém, como vimos, na última semana houve os vazamentos de Moro, com conversas comprometedoras do mesmo com relação à Lava-Jato. Com isso, tudo mudou, a previsão é de instabilidade até a resolução definitiva. O Ibovespa Futuro chegou a registrar queda de até 0,90%, enquanto o dólar tinha uma alta de 0,4%.
É complicado prever qualquer definição antes do desdobramento definitivo desta notícia. Porém, algumas coisas são praticamente certas.
Como vimos anteriormente na matéria, é provável que a oposição inicie de já reuniões para discutir sobre o assunto. Diversas ações podem ser tomadas pelos mesmos, pedido de instalação de CPI, pedido de esclarecimento dos que estão envolvidos, pedido de anulação de condenação, tudo isso podendo atrasar a possível reforma da previdência.
Apesar do receio de instabilidade dos possíveis desdobramentos da notícia, por enquanto nada mudou. O Ibovespa deverá operar abaixo de 100 mil pontos e acima de 90 mil pontos. Mas à curto prazo, é recomendável o aumento do risco da carteira próximo dos 92/90 mil pontos e a diminuição perto dos 98/100 mil pontos.